Um dos principais focos na hora de desenvolver visualizações e gráficos é garantir a acessibilidade dos visuais. A visualização de dados acessível garante que seu trabalho seja entendido por todos os usuários, de forma que possam tirar vantagem de sua informação.
Seja para levar em conta a audiência com dificuldades visuais, facilitar a memorização do conteúdo. contemplar usuários com diferentes níveis de alfabetização de dados, ou incluir a possibilidade de impressão em preto e branco, ter em mente a visualização de dados acessível é sempre uma ótima prática.
Além disso, existem casos em que uma interpretação errônea pode causar consequências graves, como no caso de um visual que determinará o procedimento médico ou remédio a ser indicado a um paciente.
Confira algumas dicas de como criar uma visualização de dados acessível!
1. Não se apoie apenas cores para explicar os dados
Esse é um problema muitas vezes simples de resolver e que tem impactos significativos, principalmente para a audiência com dificuldades visuais ou quando queremos imprimir um visual em escala de cinza.
Para obter uma visualização de dados acessíveis, você pode utilizar legendas diretas (direct labeling), formas e padrões para diferenciar categorias distintas. Cuidado apenas para não distrair a sua audiência ou aumentar demais a carga cognitiva!
Muita atenção ao usar etiquetas tipo “hoover”, aquelas que aparecem quando você passa o cursor por cima. Elas podem esconder informações, não ficarem em uma posição fácil de acessar, podem não funcionar bem em celulares, exigem mais uma ação do usuário (especialmente se tiverem que clicar) e podem ser difíceis de acessar para pessoas com problemas motores ou que utilizam leitores de tela.
Oferecer contexto à audiência através de frases ou explicações curtas também ajuda muito no entendimento e acessibilidade. Utilizar títulos com a mensagem principal também é uma opção para a visualização de dados acessível.
2. Não use cores muito brilhantes ou com baixo contraste
O uso de cores brilhantes pode causar confusão e dores na visão, além da chance de causar reações à audiência com questões sensoriais mais sensíveis, como pessoas no espectro autista.
Já o baixo contraste torna o texto e a visualização mais difíceis de serem lidos e dificultam a interpretação por parte de pessoas com daltonismo.
Saiba mais sobre visualização de dados:
6 Princípios de Gestalt para Visualização de Dados
Visualização de Dados Descomplicada
3. Espaços em branco
Os espaços em branco podem ser utilizados de duas formas, macro ou micro.
Os espaços em branco macro são os espaços ao redor dos elementos inteiros, reduzindo a confusão e facilitando a interpretação e foco do usuário. Também ajuda a separar diferentes elementos em uma mesma página.
Já os micro espaços em branco são utilizados na visualização em si, como em gráficos de barra, destacando a divisão de categorias. Essa opção é interessante também para a impressão em escala de cinza.
4. Use ferramentas de acessibilidade durante o desenvolvimento
Existem diversos recursos online e gratuitos que ajudam o desenvolvimento de visualizações de dados acessíveis, especialmente para a escolha de cores e avaliar o contraste.
5. Traduza os dados em palavras
Tente tornar a linguagem da visualização o mais simples possível e compatível com o conhecimento prévio da audiência sobre o assunto. A linguagem que você utiliza deve ser compatível com sua audiência.
Indo mais a fundo nesse tópico, podemos ver como exemplo o Google Maps. Quando você busca por uma rota, o aplicativo mostra o tempo a mais ou a menos que o caminho deve levar e explica os motivos da demora (como acidentes). Além disso, as cores mostram onde o tráfego está mais lento e mais livre, além de mostrar comentários comparando com outros horários. Frases curtas e simples, de fácil entendimento facilitam a mensagem a ser passada.
Ainda mais além, o uso de frases explicativas é uma prática extremamente recomendada para visualizações de dados acessíveis, especialmente para usuários com ansiedade ou dentro do espectro autista. Por outro lado, os gráficos usualmente são melhores para pessoas com dislexia, por isso é importante balancear o uso dos dois.
6. Peça feedback
Peça feedback para colegas ou amigos. Avalie para onde sua atenção é focada, qual é a primeira ação que tomam ao ver a visualização e o que fazem a seguir, se eles perceberam a mensagem que você que passar ou se algo ficou escondido…
Além disso, prezando pela visualização de dados acessível, teste seu visual com uma audiência diversa!
7. Confira as dicas do Governo do Reino Unido para design acessível
Em 2016, o Governo do Reino Unido criou algumas diretrizes básicas para o design acessível. Foram criados 6 posteres com dicas para usuários no espectro autista, deficientes auditivos ou surdos, com dislexia, com baixa visão, com deficiência física e motora e com leitores de tela. Confira todos as dicas em português aqui.
Leia mais sobre visualização de dados acessível (em inglês)
https://fossheim.io/writing/posts/accessible-dataviz-design/
https://keen.io/blog/accessibility-in-data-vis/
https://www.storytellingwithdata.com/blog/2018/6/26/accessible-data-viz-is-better-data-viz
https://www.highcharts.com/docs/accessibility/sonification