O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) se juntou com a Microsoft para criar uma ferramenta de inteligência artificial para prever desmatamento na Amazônia. O projeto é financiado pelo Fundo Vale, da Vale.
O objetivo do projeto é antecipar regiões de maior probabilidade de risco de desmatamento e incêndios e analisar tendências de mudanças no uso do solo, com foco em identificar estradas ilegais.
O produto é um modelo preditivo de desmatamento e queimadas que vai aprimorar o Sistema de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia (SAD), criado em 2010.
“O sistema tem potencial de ser usado também para avaliar áreas de restauração florestal e vulnerabilidade ao fogo, ajudando a produzir dados mais concretos para arranjos de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) que poderão ser adotados pela Vale em mercados de créditos de carbono.”
Patrícia Daros, diretora do Fundo Vale
O Imazon vai disponibilizar publicamente os dados de monitoramento que possui, no formato de um painel de controle (ou dashboard) criado para o projeto. A ideia é utilizar os dados para realizar ações preventivas de combate e controle ao usar inteligência artificial para prever desmatamento.
Alguns dos dados disponíveis são topografia, cobertura do solo, infraestrutura urbana, estradas legais e ilegais e dados socioeconômicos. Também será possível cruzar essas informações com dados sobre reserva indígena, áreas de proteção ambiental, frigoríficos na região, cadastro ambiental rural, e muito mais.
O projeto conta com a participação de mais de 20 instituições, como prefeituras, ONGs, pesquisadores, advogados, brigadas de incêndio e Ministério Público. Com apoio de design thinking, as entidades definiram os dados necessários para o projeto e o formato do dashboard final, que ficará disponível para a sociedade com os indicadores selecionados.
Melhorias em relação ao processo atual
Atualmente, o monitoramento da região Amazônica é feito através de satélites, que levam um tempo considerável para processar as imagens. Os pesquisadores buscam por estradas ilegais na imagem, uma vez que 95% do desmatamento acumulado se concentra em um raio de 5 km das estradas registradas, como explica Carlos Souza, coordenador de monitoramento da Amazônia e pesquisador associado do Imazon. As estradas iligais são o maior indício da possibilidade de desmatamento.
O mapeamento atual é manual e, somando a isso o tempo de processamento de imagens, extremamente demorado, podendo apresentar defasagem de até 1 ano. Esse tempo é mais do que suficiente para que, quando o risco seja detectado, o desmatamento já tenha acontecido.
Ainda de acordo com Souza, com o novo processo utilizando inteligência artificial para prever desmatamento, o que levava um ano, agora poderá levar apenas um dia! E, como a inteligência aprende com cada novo exemplo, com o tempo, será possível levar apenas poucas horas para identificar potenciais risco.
A inteligência aprimora os modelos de risco de desmatamento para resolução de 1 hectare e utiliza mais variáveis preditoras.
“O modelo de risco de desmatamento e queimadas permitirá a previsão de desmatamento futuro no curto prazo, ou seja, nos próximos seis meses. No final, não queremos que os nossos modelos de risco acertem na previsão, e sim que o desmatamento e as queimadas sejam evitados”, completa.
Carlos Souza, coordenador de monitoramento da Amazônia e pesquisador associado do Imazon
Microsoft
A parte da Microsoft está no apoio ao desenvolvimento e treinamento da inteligência artificial para prever desmatamento, além de oferecer os serviços de nuvem do sistema Azure.
Ainda, em parceria com o Ministério da Economia, vai buscar oportunidades de emprego para até 25 milhões de trabalhadores e oferecer treinamento digital gratuito para até até 5,5 milhões de pessoas.
A empresa também está participando de outro projeto em solo brasileiro. Esse projeto será um aplicativo que permite que ONGs, trabalhadores rurais e qualquer pessoa enviem alertas sobre desmatamento.
A previsão é e que a inteligência artificial para prever desmatamento esteja disponível até julho de 2021.
Referências: