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Internet das Coisas, Big Data, Internet… Agora, podemos obter informações das mais diversas fontes, incluindo redes sociais, veículos, edifícios e outros aparelhos modernos com sensores e softwares sofisticados e que se conectam com uma gama de outras fontes.
Quando falamos em big data consideramos os 4 V’s: volume, variedade, velocidade e veracidade dos dados. Todos os dias somos bombardeados com uma quantidade absurda de dados (volume), de diferentes tipos (variedade) geradas cada vez mais rapidamente e por diversos canais (velocidade) mas que por muitas vezes apresentam alguma incerteza (veracidade).
As possibilidades dos dados na gestão de desastres são um caminho com imenso potencial para transformar e informar a sociedade como nunca antes visto. É palavra de ordem se adaptar a este novo mundo.
Dados para gestão de desastres em países menos desenvolvidos
O acesso a internet entre países desenvolvidos e em desenvolvimento não é tão diferente como podemos imaginar. Na verdade, a presença de telefones celulares até em países menos desenvolvidos ultrapassa 60%, podendo chegar até 80% das pessoas. Em muitos casos, o valor de penetração de celulares pode ser ainda maior uma vez que o mesmo aparelho pode ser divido entre diversos membros de uma família.
Os celulares básicos agora apresentam valores de compra mais acessíveis e são o principal meio de acesso a internet de muitas pessoas nessas áreas.
Com isso em mente, com auxílio de um simples celular e serviços SMS (em texto e voz) é possível enviar informações sobre agricultura, clima, alertas de evacuação e enchentes, por exemplo. Ou seja, podem-se captar dados para a gestão de desastres das mais diversas e criativas maneiras.
A comunicação inversa também é possível e a própria comunidade pode enviar informações sobre danos, locais afetados e nível de água!
Os celulares permitem maior envolvimento dos cidadãos em face a um desastre e a existência de uma comunicação bidirecional entre comunidade e órgãos públicos.
Ainda com auxílios de celulares simples, líderes comunitários podem introduzir pesquisas e mapear áreas afetadas em sua comunidade. As redes sociais também são ótimas ferramentas para dar voz às necessidades e preocupações da população, através da captação intensa de dados para a gestão de desastres.
A inclusão digital tem empoderado comunidades a ajudado na compreensão e percepção de riscos das mesmas de forma simples e eficiente, tornando-se uma importante e estratégica ferramenta. Quando as pessoas sabem da existência dessa ferramenta e entendem sua importância, elas tendem a dar grande valor a ela.
A inclusão digital é um facilitador para adquirir dados para a gestão de desastres e para melhorar a consciência situacional. Os agentes humanitários podem estender seu alcance mais facilmente para as comunidades afetadas por meio de canais digitais, envolvendo-se diretamente com eles ou monitorando e analisando o conteúdo gerado pelo usuário.
Redes Sociais
As redes sociais não ficam de fora. Já existem estudos que propõe a análise de tweets que contenham termos relacionados a desastres para melhorar as atualizações de situação e captação de dados para a gestão de desastres. A análise de redes sociais pode ser usada para fins de gerenciamento de informações.
A análise da mídia social também pode ser útil para analisar as reações do público aos relatórios da mídia e desvendar a prevalência de tópicos. Esses dados podem fornecer novos insights adicionais, embora até agora essa ferramenta ainda não tenha sido utilizada em tempo real, mas principalmente para análise e pesquisa pós-evento.
Como organizações inovadoras usam dados para a gestão de desastres
Algumas organizações visam fechar as lacunas de colaboração (collaboration gaps) promovendo e possibilitando dados abertos e aumentando o compartilhamento de dados para a gestão de desastres:
- O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA) desenvolveu o Intercâmbio Humanitário de Dados (HDX) para agregar, armazenar e transformar dados para a comunidade humanitária.
- O Banco Mundial executa os dados abertos para a iniciativa de resiliência e implanta GeoNode como uma plataforma de dados aberta.
- O GeoDASH, a plataforma de visualização e gerenciamento de dados geoespaciais de código aberto em Bangladesh. Embora iniciado pelo Banco Mundial, agora é totalmente administrado pelo governo. O GeoDASH não é especificamente voltado para o gerenciamento de desastres, mas contém vários conjuntos de dados relacionados.
- A U.N. Global Pulse visa acelerar a descoberta, o desenvolvimento e a adoção em escala da inovação em big data para o desenvolvimento sustentável e a ação humanitária.
- Empresas sociais e privadas, como Ushahidi, Google Crisis Response e Microsoft Disaster Response, e ONGs de dados, MapAction, Humanity Road, Nethope Crise Informatics oferecem serviços humanitários para o serviço humanitário (H2H).
- Voluntários digitais que oferecem tempo e experiência em microtarefas e micromapeamento, a fim de analisar grandes volumes de dados, como postagens de mídia social e imagens de satélite. Os voluntários digitais são ativos através de uma grande variedade de Comunidades Voluntárias e Técnicas (VTCs), como a Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT) e GISCorps, e também através de algumas das ONGs de dados mencionadas acima. Na iniciativa Missing Maps, voluntários remotos e locais trabalham juntos para mapear os lugares mais vulneráveis no mundo em desenvolvimento.
- O UNOCHA co-criou uma organização que tenta reunir todas essas organizações de voluntários para que possam ser ativadas mais facilmente através da Rede Humanitária Digital (DHN).
Este texto foi adaptado do artigo de Marc van den Homberg