Avançar para o conteúdo

Impacto econômico direto e indireto – UNISDR – parte 1

Leia também

Impacto econômico direto e indireto – UNISDR – parte 2

A indústria do desastre e a (falta de) prevenção no Brasil

Como entender e tirar vantagem dos desastres


O Departamento das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (antigo UNISDR, atual UNDRR) elaborou guias de como transformar “palavras em ações” quando falamos de gestão de riscos de desastres. Um dos tópicos abordados é o impacto econômico direto e indireto dos desastres naturais. Dividimos esse tópico do guia em duas partes devido sua extensão.

Impacto econômico dos desastres naturais

A ocorrência de desastres naturais afeta diretamente a economia do local afetado, podendo ter efeitos até anos depois do evento. Com a globalização e interação entre diversas partes diferentes, ainda, o dano em um local do mundo pode  ter consequências “dominó” em outros pontos que nem se imagina.

O bem estar da população está intimamente ligado com à saúde econômica e financeira das famílias e da região onde as pessoas habitam. Quando um desastre afeta o funcionamento do sistema econômico, a população tem seu bem estar reduzido direta e indiretamente.

O bem estar da população, de acordo com o guia, é uma:

“função das capacidades para que a pessoa consiga atingir vidas significativas, capacidades que são diretamente influenciadas pelo acesso a emprego remunerado e meios de subsistência significativos, de modo a ter acesso a serviços de saúde, educação, e para todos os outros recursos necessários para vidas satisfatórias.”

Uma boa avaliação de riscos deve levar em consideração tanto vulnerabilidades físicas e geográficas locais, quanto uma avaliação da possível redução de bem-estar econômico a nível nacional, uma vez que muitas vezes danos a nível local se estendem a níveis maiores.

Perdas a longo prazo de um desastre

O bem-estar da população não é medido apenas pelas perdas que acontecem durante ou logo após ao evento. Não deve-se levar em consideração apenas a mortalidade, perda de bens e infraestrutura e danos imediatos ao meio ambiente.

A longo prazo, a economia, a educação, a saúde e a disponibilidade de emprego tem suas oportunidades e recursos reduzidos.

Isso afeta principalmente famílias mais pobres, que, além de usualmente perderem tudo o que possuem após a ocorrência de um desastre, tem mais dificuldade para recuperar bens materiais, acompanhado de maior lentidão para se restabelecerem na área de saúde, educação, segurança e emprego/rendimentos.

“A medição do risco de desastre deve, portanto, envolver a compreensão da exposição e vulnerabilidade dos sistemas econômicos aos choques e sua capacidade de recuperação e recuperar-se deles (sua resiliência), bem como as perdas a longo prazo associados à sua ocorrência.”

 Vulnerabilidades únicas

Cada ambiente possui características únicas, assim como cada tipologia de desastre também apresenta mecanismos próprios, correto?

Logo, é preciso entender até que ponto uma região será exposta a um perigo e como essas localidades expostas irão interagir com outras regiões e com suas próprias atividades econômicas. Deve-se examinar as ligações entre as regiões e como os impactos em uma região podem ser repassadas para outras regiões.

É essencial ter em mente que as economias regionais e locais são muitas vezes dominadas por alguns setores específicos e interligados. Cada setor é vulnerável de maneira diferentes a perigos diferentes, sendo mais vulneráveis a algumas tipologias do que outras.

É preciso visualizar a análise de riscos de forma sistêmica e inter-regional, incluindo as vulnerabilidades especificas de cada setor, incluindo empregados e empregadores.

O guia exemplfica de forma simples:

  • A agricultura pode ser diretamente muito vulnerável a alguns perigos, como altas ou baixas temperaturas. Por outro lado, terremotos podem causar menos influência, ou mais indiretas (devido ao seu impacto nas instalações de transporte e processamento)
  • A indústria é diretamente vulnerável a riscos que destroem os locais de produção e instalações de armazenamento e a infra-estrutura necessária para o trabalho ocorrer, como redes de eletricidade e meios de transporte dos trabalhadores.
  • O turismo é excepcionalmente vulnerável a perigos que afetam a percepção de segurança (ou falta dela), facilmente influenciado pela mídia de massa.

Por fim, é de fundamental importância definir setores com pessoas de baixa renda, minorias, deficientes e grupos marginalizados. Cada um desses grupos é vulnerável de maneiras únicas. Buscá-los e compreendê-los, é importante para entender o provável impacto de um desastre em seu bem-estar. Traga esses grupos para a discussão também.

Leia a segunda parte da matéria aqui.

Referência: Words into Action Guidelines

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *