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Agentes condicionantes e deflagradores de movimentos de massa – Vegetação


Estudos realizados quanto à definição dos principais agentes condicionantes e que influenciam a deflagração de eventos relativos a movimentos de massa podem ser divididos em quatro grandes grupos de agentes condicionantes:

Porque o movimento de massa ocorre?

Os movimentos de massa ocorrem quando a tensão atuante no talude ultrapassa a resistência ao cisalhamento do material, desenvolvendo a zona cisalhada e, depois, a superfície de cisalhamento na massa de solo, de onde se origina a ruptura. A alteração do estado de tensões do talude acontece quando a margem de estabilidade deste, representada pelo seu fator de segurança, apresenta valor menor que 1, ou seja, quando:

Existem dois tipos de mecanismos que podem explicar o fenômeno: o aumento das tensões atuantes e a redução da resistência ao cisalhamento. O primeiro caso é exemplificado por casos de aumentos de sobrecarga no talude (presença de construções, vegetação ou detritos), pressões internas de materiais expansivos, cortes realizados de forma indevida e solicitações dinâmicas como tráfego, ondas e sismos e aparecimento de solicitações dinâmicas ou pressões laterais no sistema; para o segundo, variações nas características do material do talude, como a redução da coesão, alterações no nível do lençol freático, infiltração de água no maciço, fluxo de água em trincas, intemperismo e ação da força gravitacional, a qual supera o atrito interno das partículas, fazendo com que a massa de solo se movimente encosta abaixo.

Esses mecanismos são fortemente influenciados pelos seguintes fatores:

Agentes condicionantes: Vegetação

De modo geral, a presença de vegetação traz efeitos positivos quanto à estabilidade de taludes, principalmente pela ação de reduzir a entrada de água no solo, retirar a umidade do mesmo através de processos físicos e aumentar a coesão do solo com suas raízes.

Nott (2006) destaca a influência das mudanças na vegetação de uma encosta. Estas podem aumentar ou diminuir a susceptibilidade de um deslizamento, entretanto, normalmente, a remoção de parte da vegetação leva a um aumento na instabilidade da encosta e maior erosão potencial, favorecendo deslizamentos.

Gerscovich (2012) explica que a cobertura vegetal, de modo geral, ajuda na estabilidade de encostas por proteger o solo dos efeitos climáticos e por aumentar a resistência do solo através do sistema solo/raiz. Dessa forma, a falta de vegetação, proveniente muitas vezes do desmatamento, deixa o solo exposto a processos erosivos e maior infiltração de água. As copas das árvores também reduzem as variações de temperatura e umidade, minimizando o efeito do intemperismo. A interceptação de água pela vegetação depende do tipo da mesma e sua influência é reduzida ao longo do período de chuvas, podendo até ser desprezível.

Santos (2009) ressalta a importância da floresta natural de encostas como elemento externo único e insubstituível para inibir escorregamentos e processos erosivos, devido:

  • Redução da ação direta da precipitação no solo devido à presença de copas e da serapilheira;
  • Raízes superficiais e da serapilheira reduzem a ação erosiva das águas de chuva;
  • Retenção por molhamento de todo o edifício arbóreo parte da água da chuva que chegaria ao solo;
  • Diluição do tempo de acesso das chuvas no solo;
  • Retirada de água infiltrada no solo por absorção, e devolução da mesma para a atmosfera por evapotranspiração;
  • Efeito de agregação e coesão, e retendo os solos superficiais devido à criação de uma malha superficial e subsuperficial de raízes.

Azevedo (2011) ainda defende a existência de um “efeito frenador” e dissipador de energia dos movimentos de massa, restringindo a extensão de áreas afetadas.

Entretanto, deve-se realizar uma observação quanto à possibilidade da criação de um efeito alavanca por parte dos troncos e das copas de árvores, devido à ação vento nos mesmos, além da sobrecarga que pode ser causada pelo peso da vegetação, de forma a contribuir de forma negativa à estabilidade do talude (Grey e Leiser, 1982 apud Azevedo, 2011). Ainda, a presença de matéria orgânica desenvolvida devido à presença de vegetação sob aterros ou em meio a resíduos originados de cortes pode criar uma camada impermeabilizante, a qual impede a impermeabilização da água em camadas mais internas e, devido ao acumulo de água, favorece a queda da resistência ao cisalhamento do solo.

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