Kobiyama et al. (2006) escrevem que os desastres naturais são determinados a partir da relação entre o homem e a natureza.
Os autores acrescentam que quando não são aplicadas medidas para a redução dos efeitos dos desastres, a tendência é que os impactos destes aumentem de intensidade, de magnitude e de frequência. Ainda, citam Alcántara-Ayala (2002), afirmando que a ocorrência dos desastres naturais está ligada à susceptibilidade dos mesmos, às características geoambientais e à vulnerabilidade do sistema social sob impacto, em outras palavras, ao sistema econômico-social-politico-cultural.
De modo geral, países em desenvolvimento não possuem boa infraestrutura, sofrendo muito mais com os desastres do que os países desenvolvidos, principalmente quando relacionado com o número de vítimas.
Vanacker et al. (2003 apud Kobiyama et al., 2006) também mostraram que em países em desenvolvimento o perigo devido a desastres está aumentando, uma vez que o aumento da população e o desenvolvimento econômico forçam cada vez mais a população, em especial a de baixa renda, a se estabelecer em áreas de risco.
Alexander (1997 apud Guerra e Cunha, 2011) concorda com os demais autores de que a gravidade dos desastres naturais tem relação direta com o nível de desenvolvimento econômico da região, demonstrando isso pelo maior numero de vítimas por evento. Entre 1977 e 1996 ocorreram, no mundo, mais de 1.000 óbitos por desastres naturais e 87% deles ocorreram em países pobres, afetando populações carentes e que tendem a se aglomerar em áreas de risco.
De acordo com os dados obtidos nos relatórios do Centro de Pesquisa em Epidemiologia de Desastres – CRED (2016), os países mais pobres apresentam maior número de mortos por desastre e por 100.000 habitantes, e ainda sofrem mais com os impactos dos desastres.
Em termos absolutos, países de menor renda representam 69% do total de mortes entre 1996 e 2015.
Relacionando as vidas perdidas por desastre ou por 100.000 habitantes, países de baixa renda apresentam uma taxa de mortalidade muito mais alta. Em média, em países de baixa renda, 327 pessoas morrem em cada evento nos últimos 20 anos. Esse valor é quase 5 vezes maior que a média para países com alta geração de renda. Para mortes a cada 100.000 habitantes, a média para países pobres é mais que 5 vezes maior. No ano de publicação do relatório, cerca de 613 milhões de pessoas viviam em 31 países de baixa renda.
Muitos desses países estavam ou estão em situação de conflito ou pós-conflito, com falta de recursos para reduzir a vulnerabilidade aos desastres ou perdas, além de não contar com planejamento urbano e infraestrutura adequada e baixos investimentos em educação e saúde. O relatório destaca que é possível que a mortalidade desses países possa ser ainda maior que a indicada.
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