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Gestão de Dados para a Gestão de Desastres

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A gestão de riscos e desastres está intimamente ligada com o conhecimento dos mecanismos dos desastres e como eles atuam em cada região. Sendo assim, é preciso colher informações precisas e confiáveis por um determinado período de tempo e depois analisá-las exaustivamente para uma efetiva resposta e prevenção aos desastres. Vamos aprender mais sobre dados para a gestão de desastres?

Os Desastres

A ocorrência de desastres naturais aumentou nos últimos anos de forma dramática. Não apenas notamos o aumento na quantidade de eventos, mas também da intensidade dos mesmos. Os desastres estão mais fortes e afetando mais pessoas.

As atividades humanas, o agravamento do efeito estufa e a urbanização e o uso de terras sem planejamento adequado são alguns dos fatores para essa maior recorrência de eventos. Chegamos a um ponto em que temos dificuldade em discernir se os eventos são causados apenas por fenômenos naturais ou se são fruto da intervenção humana.

Dados para a Gestão de Desastres

A gestão de riscos e desastres envolve a prevenção, preparação e resposta aos eventos.  Se bem realizada, a gestão pode reduzir ou até zerar as perdas de vida e minimizar impactos e danos econômicos de maneira significativa.

Aqui cabe ainda uma ressalva: cada localidade terá uma maneira diferente de ser afetada por cada tipologia de desastre. Os dados para a gestão de desastres, em geral, são únicos para cada região, o que torna ainda mais complicado de obtê-los.

A gestão de riscos e desastres deve buscar inspiração em experiências de todos os lugares, contudo, sempre tendo em mente que cada região tem características próprias e culturas diferentes instaladas, portanto, nem sempre a mesma solução funcionará em mais de um local. Assim, é possível criar planos de emergência de acordo com as peculiaridades da tipologia do desastre e local de ocorrência.

A informação capturada deve ser capaz oferecer uma boa noção da situação antes, durante e depois do desastre e permitir a melhor tomada de decisão e adequação de atividades para a gestão de desastres.

Quais são os dados para Gestão de Riscos e Desastres?

Quando o evento de desastre ocorre, é interessante manter alguns registros como:

  • Local de ocorrência do evento
  • Locais atingidos por efeitos do evento
  • Características físicas dos locais atingidos – relevo, tipo de solo, vegetação…
  • Características da população dos locais atingidos – renda, idade, tipo de habitação, cultura, pessoas com mobilidade reduzida…
  • Danos causados – vidas, residências, infraestrutura, meio ambiente, energia, comunicações…
  • Principais necessidades – abrigos, tipo de atendimento médico, bens de primeira necessidade, energia…
  • Situação dos locais após a ocorrência

Antes do desastre acontecer é importante também conhecer a infraestrutura que existe para lidar com o evento. Para isso, as informações a serem recolhidas podem ser:

  • Serviços de emergência e operacionais disponíveis – bombeiros, defesa civil, ambulâncias, voluntários…
  • Capacidade, acesso e localização de abrigos e atendimentos médicos
  • Coordenação dos serviços de emergência e operacionais – a nível da comunidade e governo
  • Existência e funcionamento de sistemas de alarme e evacuação
  • Rotas de fuga existentes

Dificuldades da obtenção de dados para a Gestão de Desastres

O recolhimento de dados e informações para a gestão de desastre é um campo em desenvolvimento. Ainda há muitos desafios a serem ultrapassados.

Educação

Ainda é pouco difundida entre a população, e até mesmo em entidades de poder público, o hábito da prevenção e o costume de se gerar e guardar informações quanto aos eventos de desastres. A mentalidade em relação aos dados para a gestão de desastres precisa ser modificada e encarada com seriedade.

Incerteza dos dados

Este tópico é muito delicado. Os dados para gestão de desastres só poderão oferecer bons resultados se foram confiáveis e fiéis à realidade e se relacionarem bem com outras informações oferecidas, fornecendo insights preciosos.

Por muitas vezes, o processo de aquisição de dados é rudimentar, criando brechas nas informações (information gap). Essas brechas podem ser causadas por uma série de motivos:

  • Comunicação ineficiente
  •  Diferentes formatos de coleta, conteúdo e apresentação de dados
  •  Baixa qualidade e quantidade de informação em locais mais afastados
  •  Informação sem descrição temporal e/ou espacial
  • Padrões de avaliação diferentes
  • Heterogeneidade nos conjuntos de dados como consequência da multiplicidade de procedimentos e partes interessadas envolvidas
  • Dificuldade em questões de interoperabilidade nos conjuntos de dados obtidos de diferentes organizações e avaliações
  • Falta de detalhamento das ocorrências
  • Dificuldade ou de se comunicar com as comunidades impactadas pelo evento ou pouco envolvimento das mesmas (lacunas de colaboração)
  • Procedimentos de avaliação de danos e necessidade muito burocrático ou rudimentar, baseado em comunicação verbal e com grandes quantidades de “papelada”, o que dificulta a integração de dados

Diferenças tecnológicas

Um estudo do Research Center evidenciou que nos Estados Unidos as pessoas com maiores níveis de educação e renda são mais propensas a utilizar redes sociais. Sendo assim, se utilizarmos esse tipo de base de dados, é possível que não sejam abrangidos todos os membros da comunidade e a informação do impacto do evento seja mascarada. Esse exemplo evidencia como temos que ter cuidado com as fontes em que buscamos informações e interpretá-las de acordo com seu contexto social.

Redes Sociais como fonte de dados para Gestão de Desastres

Um grande desafio é determinar como usar os enormes volumes de dados para descrever, prever, diagnosticar ou envolver a comunidade. O Twitter, por exemplo, tem mais de 400 milhões de tweets por dia e cinco bilhões de tweets relacionados a eventos de crises desde 2011. 

Mais que isso, é preciso entender o contexto dos textos em um mundo com conjecturas econômicas, sociais e políticas que mudam a cada instante.

Para complicar mais, temos que lembrar de considerar as mudanças no panorama de redes sociais! Hoje temos o Twitter e Facebook como as maiores fontes de dados originados de mídias sociais, porém, todos os dias novos aplicativos surgem e diferentes grupos sociais experimentam outras tecnologias. Se formos levar em conta também que diferentes países tendem a ter diferentes redes sociais favoritas, esse cenário torna-se ainda mais complexo.

Atualização de entidades responsáveis

Esse desafio se refere a aumentar a capacidade das organizações que respondem a desastres para lidar a revolução na informação. A maioria entidades, governamentais ou não, reconhecem a importância do gerenciamento de informações mas, nem sempre sabem como incorporá-lo em suas operações.

Eles devem treinar cientistas de dados para se tornarem humanitários ou o contrário?

Existe uma demanda por orientação sobre como aproveitar os dados para gestão de desastres para o benefício dessas organizações. Mais especificamente, é necessária orientação sobre a coleta e uso responsável de dados operacionais, particularmente em situações de crise, quando decisões que salvam vidas e precisam ser tomadas com dados imperfeitos ou escassos. Além disso, as práticas recomendadas precisam ser promovidas para coletar, armazenar e compartilhar dados de maneira eticamente responsável.

Equilíbrio entre analógico e digital

Para contextos com poucos dados em países em desenvolvimento, será importante encontrar o equilíbrio entre o uso de recursos para obter e analisar grandes volumes de dados e utilizá-los para digitalizar processos de coleta de dados locais, geralmente em papel.

Para se beneficiar de novos dados para gestão de desastres em sua totalidade é importante considerar uma análise linguística e cultural que só pode ser feita pelo ser humano. Será essencial equilibrar a proximidade humana e digital. Muito foco na parte digital pode levar a uma noção equivocada de dados sólidos, enquanto um grande grupo da população afetada pode não estar representado no conjunto de dados.

Neste quesito, ainda podemos considerar o ponto de que a cultura de algumas comunidades também pode ser avessa à contribuição por meios digitais, sendo de extrema importância haver uma opção mais tradicional para que estas pessoas contribuam com informações vitais.

Este artigo foi produzido baseado no texto de
Marc van den Homberg.

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