O Departamento das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (antigo UNISDR, atual UNDRR) elaborou guias de como transformar “palavras em ações” quando falamos de gestão de riscos de desastres. Um dos tópicos abordados é a comunicação com o público. Este assunto é extremamente valioso uma vez que colher informações confiáveis é tão importante quanto à forma com que as mesmas serão repassadas. A comunicação é um processo que deve fazer parte de todas as etapas da gestão de riscos.
É a partir de uma comunicação eficaz que técnicos e instituições podem desenvolver, compartilhar, compreender e gerir dados, de forma a realizar tomadas de decisões e efetuar ações necessárias. Também, é a partir de uma comunicação eficiente que a população entende como se prevenir e quais riscos estão correndo, quais os procedimentos diante de um evento de emergência e qual o cenário atual da situação. Além disso, a própria comunidade é uma fonte de informações para analistas e governos buscarem melhorar ou criar novas soluções para o controle de riscos.
Os veículos da mídia são essenciais e devem tomar muito cuidado com a forma que propagam a informação, permitindo abertura de diálogo, informando e evitando pânico e sensacionalismos.
O guia levanta as seguintes questões:
Quem é o público?
Deve-se entender qual o público alvo da comunicação. Qual seu gênero, escolaridade, idade? Se você mirar em todos os públicos não atingirá nenhum.
Pessoas compreendem os riscos de forma diferente, além de acessarem a informação por meios diferentes e terem reações diferentes! Leve sempre em conta a história do público alvo – em quem eles confiam, quais canais de comunicação são mais utilizados, quem deve falar e quando, o que essas pessoas entendem e conhecem sobre os riscos em questão.
Grupos diferentes tem diferentes percepções de riscos e de quem é o responsável por sua redução. Tem também diferentes dificuldades e prioridades no dia a dia.
O que comunicar?
Isso depende da mudança que você quer realizar no seu público e como você acredita que essa mudança acontecerá. Por vezes será necessário mais do que apenas emitir uma simples informação, mas será preciso gerar uma mudança no pensamento e organização da comunidade. É necessário pesquisar para entender qual ação deve ser tomada e porque as pessoas ainda não estão realizando essa ação.
Como comunicar sobre o risco?
A comunicação deve ser realizada durante todas as etapas do processo de gestão do desastre.
Realize pesquisas para ter certeza que diferentes grupos da população estão entendendo e se conectando com a mensagem a ser transmitida. Sempre verifique se suas iniciativas estão tendo o efeito desejado.
Escolha cuidadosamente as plataformas e mídias sociais a serem utilizadas, uma vez que diferentes grupos confiam em diferentes meios de comunicação. Nunca esqueça de que a forma que a informação é produzida, distribuída, entendida e transformada pode qualificar ou desqualificar e mesma! Atualmente, são utilizados canais informativos como SMS, grupos de discussão, sistemas de alarme, luzes, jornais, programas de TV, panfletos, postagens em redes sociais e até novelas.
A sua comunicação deve ser clara, relevante, prática e cativante. Muitas vezes acaba-se passando uma mensagem que torna a percepção do risco preocupante demais ou de menos, ou até mesmo chata. Deve-se ressaltar a tomada de ações práticas e factíveis, de modo que as próprias pessoas contribuam para a redução do seu risco.
Outra forma de comunicação é o famoso “boca a boca”. Faça a discussão sair das redes sociais e televisão. Busque encorajar a discussão sobre o assunto, trazendo para o diálogo instituições governamentais, profissionais e, claro, a população.
Construa relações com empresas, mídia, cientistas, setores privados, sociedade civil e governo local e outras instituições presentes, de forma que todos enviem a mesma mensagem e que esta seja consistente, não criando mais dúvidas e medo na população!
Referência: Words into Action Guidelines